quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Qual a relação entre oralidade e escrita no estudo do gênero?


Começamos o nosso encontro nos distribuindo em duplas para a construção de alguns gêneros solicitados por nossa colega Érica. Ela desenvolveu uma dinâmica muito interessante envolvendo as festas juninas. Cada dupla tinha como meta passar para o papel os gêneros sugeridos: receita, música, simpatia, dentre outros.Os cartazes foram então expostos no quadro-giz e debatemos sobre os objetivos de cada um deles, a quem interessava e do que se tratava.

Após esta dinâmica foi fácil perceber que falamos e escrevemos de acordo com as nossas necessidades e o gênero textual escolhido. Assim como escolhemos as palavras adequadas a uma determinada situação, escolhemos também o gênero que melhor se adequa a nossa comunicação.

Para descontrair, cantamos.

São João na RoçaLuiz Gonzaga e Zé Dantas

A fogueira ta queimando
Em homenagem a São João
O forró já começou
Vamos gente, rapapé neste salão
Dança Joaquim com Isabé
Luiz com Iaiá
Dança Janjão com Raque
E eu com Sinhá
Traz a cachaça, Mane
Eu quero vê, quero vê paia voar.

COMO ENTENDER OS TEXTOS COM GÊNEROS E TIPOS HÍBRIDOS?

*INTERGENERICIDADE --> Um gênero com função de outro (mistura de gêneros). Ex.: Um poema que se assemelha a um texto de jornalístico; uma adivinha em forma de poema, etc.

*HETEROGENEIDADE TIPOLÓGICA --> Um gênero (texto) com a presença de vários tipos textuais.

Um Exemplo de intertextualidade com o poema de Drummond de Andrade.
Calma José.
A festa não começou,
a luz não acendeu,
a noite não esquentou,
o Malan não amoleceu,
mas se voltar a pergunta:
e agora José?
Diga: ora Drummond,
agora Camdessus.
Continua sem mulher,
continua sem discurso,
continua sem carinho,
ainda não pode beber,
ainda não pode fumar,
cuspir ainda não pode,
a noite ainda é fria,
o dia ainda não veio,
o riso ainda não veio,
não veio ainda a utopia,
o Malan tem miopia,
mas nem tudo acabou,
nem tudo fugiu,
Agora FMI.
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
O Malan nada faria,
mas já há quem faça.
Ainda só, no escuro,
qual bicho-do-mato
ainda sem teogonia,
ainda sem parede nua,
para se encostar,
ainda sem cavalo preto,
Que fuja a galope,
você ainda marcha, José!
Se voltar a pergunta:
José, para onde?
Diga: ora Drummond,
por que tanta dúvida?
Elementar , elementar,
sigo pra Washington
e, por favor, poeta,
não me chame de José.
Me chame Joseph.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, Caderno 1, página 2 – OPINIÃO, 04/10/1999

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