quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Coesão e coerência


Nesta aula tivemos que construir, em grupo, um
texto utilizando apenas alguns substantivos abstratos. Não era permitido o uso de outra classe gramatical,. Tivemos um pouco de dificuldades e ficou assim:

Poema

Dor não, felicidade sim.
Ambição talvez, bondade sempre.
Covardia nunca, amizade... sinceridade.
Saudade: mais sentimento, menos indiferença.
Tristeza ontem, alegria hoje, amanhã.
Pouco ciúme, bastante amor, emoção!
Compreensão aqui, loucura longe.
Exigência agora, conquista depois,
perfeição sempre.


Percebemos o quanto são importantes os elementos de coesão para a formação de frases e textos.

Um texto se torna coeso quando, os elos de ligação ( conectivos: conjunções, pronomes e preposições) são empregados corretamente.

Depois desta constatação, a tutora nos pediu que construíssemos um texto narrativo com as mesmas palavras usando tais elos.


O aniversário da perfeição
Perfeição iria fazer uma festa e estava pensando em quem convidar. Ela chamou sua amiga Sinceridade para dar sugestões de quem chamar. Esta sugeriu chamar a Felicidade, sempre esperada. Mas ela impôs uma condição; só iria se Dor não fosse convidada. Ambição disse que talvez fosse se ganhasse algo em troca, mas Bondade estava disposta a ajudar no que fosse preciso. A Covardia agradeceu o convite, mas alegou que não iria comparecer com medo de represalias. A Amizade, como sempre, também foi lembrada e a Saudade iria acompanhar o Sentimento, como sempre.

No dia da festa, no momento em que a Alegria chegou, Tristeza foi embora, mas Indiferença, sua acompanhante, nem sentiu sua falta. O Amor estava de braços dados com a Emoção, mas o Ciúmes não gostou nada daquilo e provocou uma grande encrenca. Precisaram chamar a Compreensão para tentar solucionar o problema, já que a Loucura havia entrado na confusão. Perfeição, vendo que estava tudo errado, pediu ajuda da Exigência para colocar todos para fora.
Essa Perfeição não existe mesmo... que figura!!!


“Coesão e coerência são as duas propriedades fundamentais para que exista um texto. Sem esses elementos, não podemos dizer que existe texto. Quando muito, há um amontoado desconexo de palavras colocadas lado a lado.” Flavia

Este encontro nos possibilitou entender que os ingredientes de um bom texto são:

- ambiente;
- personagens;
- enredo;
- desfecho;
- tema e
- tempo ( cronológico e psicológico )

E os temperos são:
- coesão;
- coerência e
- elementos lingüísticos ( pontuação, preposição, conjunções, ....)

“ As palavras e a imaginação na tessitura do escrever se fortaecem na medida que eu, escritor de mim mesmo, abro concessões, comparo, concluo, explicp, alterno, adiciono, retifico, finalizo. São os “es”, os “mas”, “entretantos”, “todavias”, “contudos” que desenham, delineiam e contornam a nossa histótia, dando sentido e colorindo as palavras no texto. Essa brincadeira de tecer e alinhar palavras nos envolve naquilo que os poetas chamam de “encontro textual”. As palavras são soltas, fugazes e só tomam vida significado quando se embrenham em nossa vida e fazem de nós sua morada.” Eliana Sarreta

REDAÇÃO DE ALUNA DA UFPE

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.
E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.
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Show!!!!

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